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Nascimento da Maria Inês – Parto Natural Hospitalar

Eu descobri que estava grávida no mês de maio de 2012, próximo do dia de Pentecostes. Foi uma notícia recebida com muita alegria pelo meu esposo Paulo e por mim! Desde a descoberta da gravidez eu queria que o parto fosse normal. Mas já na segunda consulta de pré-natal percebi que a obstetra que nos acompanhava não colaboraria para que meu desejo se realizasse. Ela queria cobrar uma taxa por disponibilidade de valor absurdo para me acompanhar no parto.

Fiquei muito decepcionada e foi então que procuramos a SOS Amamentação (hoje SOS Materna). Logo descobri que eu poderia ter meu bebê de um modo ainda melhor que o “parto normal”: poderia ter um parto natural. Ficamos realmente encantados com a possibilidade do parto humanizado. E desde então, esse momento tão especial foi sendo construído em minha mente.

Fizemos o curso de preparo de parto, assistíamos a vídeos de partos naturais, li relatos sobre este momento. Tudo isso para me preparar para tão esperada hora. Sabia que poderia ser demorado, que as dores seriam intensas (ou não), mas estava cada vez mais convencida do que eu queria e que a minha escolha era o melhor para mim e para minha filha.

Quando estava de 37 semanas, fomos passar uns dias na casa da minha mãe, pois nossa casa estava passando por reformas. Inicialmente, era para serem poucos dias, mas a reforma foi demorando e os dias do parto se aproximando. Na minha cabeça, a cena de todo o trabalho de parto se passava na minha casa, no meu banheiro, na minha cama... Somente meu esposo e a doula para me acompanhar. Imaginava que se eu entrasse em trabalho de parto na casa da minha mãe, todos entrariam em pânico e não compreenderiam o que eu queria. Mas com o passar dos dias, fui aceitando a possibilidade de entrar em trabalho de parto na casa dela. E não deu outra...

No dia 09/01 fui à consulta pré-natal. Paulo e eu não sabíamos, mas essa seria a última consulta antes do parto, já que a data provável do parto era entre os dias 19 e 23/01. Estava tudo bem comigo e com meu bebê. Pela ultrassonografia, eu esta entrando na 38ª semana; pela última menstruação, entraria na 39ªs. Foi então que o meu obstetra, ao final da consulta me disse para ficar atenta com os dias de mudança da lua, pois os partos costumam iniciar nesses dias. Nesse mesmo dia, caminhei com minha mãe a noite, para aliviar o inchaço dos pés. Voltei com muitas dores na região lombar e a dor ficou um pouco mais intensa durante a noite toda.

Coincidências à parte, no dia 10/01, um dia antes da mudança da lua, eu perdi meu tampão mucoso. Reli todo meu material sobre fases do trabalho de parto e sabia que estava se aproximando o nascimento da nossa querida Maria Inês. Liguei para Priscila (doula) e ela me disse para ter calma e terminar de arrumar tudo o que faltava para o hospital; afinal, poderia demorar ou não o início do trabalho de parto. Liguei para Dr. Victor, que me receitou “vida normal”, e disse que eu estava nos pródomos do trabalho de parto. Avisei também o Paulo, e depois a minha mãe, tudo com muita tranquilidade; não queria preocupar ninguém. Mas eu sabia que não ia passar daquela noite...

Era 00:20 do dia 11/01 (dia de mudança de lua) quando começaram as primeiras contrações, bem espaçadas e pouco intensas. Paulo marcava os intervalos e tempo de cada contração. Lemos o evangelho daquela sexta feira e rezamos juntos naquele momento que sabíamos estar só começando. Oferecíamos aquelas dores a Deus por nós, por nossa família e por todas as pessoas que não podiam ter filhos.

Foram momentos muito especiais para nós. O Paulo o tempo todo comigo, me auxiliando com tantas medidas de alívio da dor...

As contrações aumentavam. Eu respirava fundo, apertava o Paulo...tomava banho com água morna.. cantava e rezava... A Priscila chegou por volta das 07:30. Com todo carinho, me ajudou muito neste momento e conseguiu me dizer que eu já estava com 6 cm de dilatação*. Fiquei feliz e decidi ficar mais um pouco em casa... Não queria ir para o hospital.

Mas às 09:30h saímos de casa. O Víctor estava no pronto atendimento. Eu não via nada: a demora no atendimento, para conseguir subir para o quarto... meus olhos fechados me faziam “viajar” para outro lugar. Eu não estava ali, eu só me concentrava a cada contração que vinha. Eu estava já com 9cm. Estava feliz porque achava que não ia demorar mais para minha querida nascer.

Subimos e logo fiquei na banheira com água morna. Não queria sair de lá. Fiquei o tempo todo na água: a bolsa rompeu e começaram os puxos. A minha vontade é que ela nascesse na água. O Victor até brincou: “estou preocupado com esses puxos seus, Geovana! Seu bebê vai nascer com roupa de mergulho?” Foram nesses momentos que eu achei que não ia dar conta... estava demorando muito.. já tinha dilatação, a bolsa rompeu.. porque demorava??? Eu repetia a todo o momento “não é sem sentido, não é sem sentido”... aquele sofrimento tinha sentido para mim.. era minha filha que ia nascer.... A música que eu cantava, em meio as contrações, era o salmo 73: “A quem tenho eu no céu se não a Ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti! Minha alma desfalece, mas Deus é a força do meu coração e minha herança para sempre...”. Eu sabia que Deus estava comigo e N.Sra. segurava minha mão.

Saí da água para o Victor avaliar a bebê... Sentei no banquinho, posição semi-cócoras com o Paulo me abraçando por trás. Era a posição que eu queria parir. O expulsivo foi demorado... Foi a fase que mais doeu em minha opinião.... Mas foi maravilhoso! Todos me dando força! Eu falava para minha filha: “vem Maria Inês, vem pra mamãe!”.

E foi assim que ela nasceu! O Paulo chorava e me dizia: “Ela é linda! Nosso amor nasceu Geo!”. E eu, ainda “dopada”, só me lembro de ter agradecido (quase que em câmera lenta): “Obrigada Deus, obrigada Victor, obrigada Paulo, obrigada Priscila... ela é linda, ela é linda!”. Após a retirada da placenta, foram feitos apenas dois pontos de sutura. E logo a Maria Inês veio para os meus braços, aprender a mamar! Ela ficou comigo o tempo todo! Quase uma hora no quarto!! Só depois ela foi ser pesada e medida!! Amei!!

Eu não me arrependo do modo que escolhi para trazer a Maria Inês ao mundo! Sempre me perguntam se doeu. Eu digo que sim, doeu muito! Mas nada que eu não consegui suportar! A recompensa de tanto esforço foi ver minha menina, com 3.175kg, 48,5cm, linda, saudável, olhando para mim com aqueles olhos lindos!

Agradeço a Deus por me dar forças e colocar pessoas que me ajudaram muito nesse momento tão maravilhoso da minha vida!!!

Geovana Hagata

 

* Verificação através observação da linha púrpura e não através de toque vaginal, pois doulas não fazem nenhum tipo de exame.

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